segunda-feira, 9 de junho de 2008

O que é uma crise?

A definição de crise varia consoante o contexto em que se fale dela, porém, em todos os campos há algumas semelhanças em relação ao seu conceito.

Sempre que ocorre uma crise, a pessoa que a sofre é colocada numa situação de vulnerabilidade, para a resolução é muito importante a atitude e o comportamento adoptado face ao problema e a respectiva evolução tanto pode trazer consequências positivas como negativas.

No contexto que nos interessa, que é a política, o protagonista, normalmente uma pessoa com um cargo importante na sociedade e com cobertura mediática, é o alvo das crises. Sempre que ocorre uma crise ele é colocado numa situação de desconforto perante a opinião pública porque os órgãos de comunicação social investigam até à exaustão o tema em questão e informam o público de todos os desenvolvimentos.

O comportamento que o protagonista assume perante o público pode ser determinante para definir se a crise pode ser algo positivo ou negativo à sua imagem. Obviamente que se a "bomba" não tiver fundamento, o protagonista vai agir com toda a sinceridade e disponibilizar-se para colaborar com as autoridades mas isso não irá fazer com que continue a ser obrigatoriamente bem visto pela sociedade porque "não há fumo sem fogo". Ou seja, se a informação saíu de algum lado é porque poderá haver algum fundo de verdade e a opinião pública, mesmo que a informação seja absolutamente mentira, fica sempre de pé atrás e por vezes, pode mesmo adoptar como certa uma informação sem fundamento.

Por exemplo, foi lançada a suspeição sobre se o político Ferro Rodrigues, ex-secretário geral do Partido Socialista e candidato a primeiro-ministro, estava envolvido no abuso sexual de menores no âmbito do processo "Casa Pia". Acabou por não se provar o envolvimento dele nessas prácticas criminosas mas a verdade é que as pessoas a partir desse momento começaram a olhar com um certo ar de desconfiança para Ferro Rodrigues, de tal forma que o político acabou por "desaparecer" um pouco da vida mediática do PS.

(Ou seja, Ferro Rodrigues reitera que pretende, no essencial, apurar quem lançou sobre ele e sobre o deputado e ex-número dois da direcção socialista Paulo Pedroso a "calúnia" de os associarem a actos pedófilos. Para os socialistas, há "alguém" para além do sistema de justiça que levou casapianos a deporem no processo envolvendo o secretário-geral do PS e Paulo Pedroso, que se encontra em prisão preventiva desde quinta-feira passada, como autores ou testemunhas de "actos hediondos". Ferro Rodrigues tem "pistas" sobre a origem da "montagem" de "pseudos-provas" (expressão que usou na semana passada) mas nada mais revela - instigando os jornalistas a investigarem o caso.)

Mas há situações em que se prova que um político esteve envolvido num escândalo e nessas situações ou o político nega tudo e declara-se inocente ou então tenta por todos os meios "apagar" o incêndio, ou seja, tenta abafar os rumores sobre algo que o pode comprometer ou então ainda há a hipótese menos provável que é confessar tudo.

Há casos que mesmo confessando, as pessoas conseguem sair com uma imagem positiva do problema, tudo depende da atitude que adoptam perante os meios de comunicação social e os motivos que alegam para tal acto.

Fátima Felgueiras, presidente da Câmara Municipal de Felgueiras, viu-se envolvida num escândalo de corrupção em que alegavam, de uma forma geral, que a autarca retirava dinheiro da Câmara para benefícios pessoais e de terceiros e que abusava do poder.
Um dos maiores beneficiados deste esquema foi o principal clube da terra na altura, o Futebol Clube Felgueiras, já extinto e o PS local. As principais justificações que Fátima Felgueiras alegava para os actos ilícitos era que tudo era feito para o bem do município.
A autarca mesmo envolvida neste episódio continuou a ser bem vista pelos locais e mesmo depois de ter fugido para o Brasil e de ter lá ficado durante dois anos, voltou a Felgueiras e tornou a vencer as eleições autárquicas como candidata independente.

(No capitulo referente aos "factos" era apontada a "promiscuidade entre o Futebol Clube de Felgueiras e a Câmara Municipal", salientando-se o facto de Fátima presidir à assembleia geral do clube enquanto Júlio liderava a direcção. Subsídios encapotados e negociatas cujos dinheiros não entravam no clube "mas nas contas bancárias de Júlio Faria". Em menos de quatro anos, o esquema levou da câmara para o clube "cerca de um milhão de contos", isto além dos lotes de terreno e suas viabilidades de construção ilegais que, segundo a denúncia, envolveriam também os responsáveis locais pela Caixa de Crédito Agricola. Seguia-se a gestão da "Casa do Risco", uma oficina-escola de bordados cujas receitas e subsidios não teriam qualquer controlo. No documento eram ainda citados vários exemplos de aprovação e licenciamento de obras particulares relaccionados com a "obtenção de verbas" para o partido socialista ou para o clube, as "cadernetas de bilhetes de avião" pagas pela autarquia e das quais Fátima Felgueiras e Júlio Faria - então já deputado pelo PS - se serviam frequentemente, bem como o uso de telemóveis e viaturas da autarquia para fins particulares.)

Clique aqui para ver todo o dossier do caso em questão.

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